A partir desse momento você é um consultor. Você conhece bem um processo ou ferramenta e sabe apontar quando ela deve ou não ser usada. Você é um especialista na resolução de problemas relacionados à sua área de domínio. Seu trabalho será estressante.
Prestar consultoria não é um trabalho fácil. Você só tem clientes com problemas e quanto mais extensos e complicados, mais interessante são para a empresa que presta o serviço. E este é seu papel: ter um cliente que só chegou até você porque tinha problemas, porque algo fugiu do controle. É possível generalizar para um cenário: a equipe atual não dá conta do que precisa ser feito. Prazos estão apertados, gente pouco qualificada para cumprir os requisitos ou o processo do projeto não ficou claro a todos. Resumindo: uma empresa precisa da sua ajuda.
Ajudar uma empresa não é fácil. Mas errar é comum e você deve encontrar cada um desses erros. Seu trabalho é estudar como ela funciona, participar dos processos e ensinar conceitos novos. Para você, de fora, será menos complicado de identificar os pontos deficitários. Mesmo este sendo aberto a novas ideias, alguém da empresa estará errado e o responsável pela sua contratação tem certa culpa no cartório. Seja por falta de conhecimento de melhores ferramentas ou exigências por mudanças bruscas, as pessoas da empresa não foram capazes de cumprir as restrições e obrigações que o mercado exige.
Mas você não vai querer que o cliente simplesmente aceite os seus argumentos. Um bom consultor — que vai ser lembrado pela sua capacidade de resolver problemas — deve ensinar o porquê de estar propondo mudanças. E argumentos frágeis não serão aceitos. Da mesma forma que você tem o objetivo ético de apontar qualquer coisa que deva ser melhorada, seu cliente tem um negócio que gera dinheiro. Para ele, que talvez tenha funcionários subordinados e parceiros comerciais, teorias acadêmicas nem sempre terão validade. Evidências práticas do funcionamento das ideias geralmente são requisitos para uma avaliação mais séria do que vai ser implementado. Se o próprio responsável pela empresa não souber claramente causas e consequências dos problemas, logo voltarão ao ponto inicial sem terem ideia do porquê. A forma mais efetiva de criar resultados satisfatórios é a partir de boas discussões com o dono do negócio. Se juntos chegarem a uma segunda ou terceira solução mais efetiva, esta deve ser colocada à prova. Dificilmente vocês terão algo perfeito, mas no fim isso não tem tanta importância. Antes de uma resposta pronta é importante se fazer a pergunta certa, que exigirá boa experiência. Pode ser que seu trabalho no fim seja até visto como supérfluo, mas ele foi o responsável por plantar sementes que vieram a germinar semanas depois.
E nem tudo são flores. Do mesmo modo que pessoas e empresas falham, você pode falhar. Esse entendimento, apesar de pré-requisito para qualquer pessoa se formar em Medicina, não é obrigatório em outros cursos. Assim como luta para melhorar o que você vê acontecendo de errado, você deve aconselhar medidas contrárias. Vale mais você ser honesto e prescrever eutanásia em partes que não têm mais chances de sobreviver sem a devida dignidade. Um especialista não deveria ter problemas em ser honesto e sugerir soluções efetivas.
Sendo um trabalho tão complicado e precisando argumentar sobre tudo o que faz, resta ser bem pago ou você deveria estar direcionando seus esforços diretamente para si. Mas qual seria a melhor forma de encontrar as respostas (e, obviamente, suas perguntas) se não fosse tornando-as cada vez mais fortes? A partir do momento que você é obrigado a argumentar convincentemente cada uma das suas decisões para pessoas que realmente precisam do seu trabalho, você tem muito mais satisfação ao saber que fez diferença. Sem dúvida é um trabalho que exige altruísmo e persistência.