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Acredito que se você está agora acessando o Livros e Afins, gosta de ler. Todos gostamos. E não preciso entrar em detalhes de como isso pode e deve ser uma boa experiência para todos; mas a pesar das beneficidades dessa prática, perdi a vontade de ler.

Durante o Ensino Médio é conhecido da maioria de que a pressão é grande para que você seja o geniosinho da turma. 16 anos e deve dominar Matemática, Física, Biologia e nada de ler Harry Potter; o temido Machado de Assis te espera e o vestibular vai cobrar uma dúzia de livros de literatura clássica que precisam estar na ponta da língua. E foi assim que mesmo tendo passado a minha infância com vários livros devorados em um ou dois dias, simplesmente começava a ler algo novo e chegando ao quarto capítulo já com sono e perdendo prazos na biblioteca, estava parando de ler. Conto uns 5 livros/ano completamente lidos em 2008–2010.

Em 2009 começaram a aparecer mais notícias de um aparelhinho que até hoje acho mágico: o e-reader. O Amazon Kindle já estava na sua segunda geração e em outubro do mesmo ano estava livre para vendas internacionais. Quando um Kindle podia ser comprado por US$ 259, decidi: quero um desses. E eu como um programador já arranjava solução para o problema de não ler muitos livros técnicos, pouco disponíveis no Brasil. Mas ainda o maior problema era o valor que na época (sem impostos, vale frisar), era de mais de R$ 500. Não, ainda muito caro. Como eu sem grandes fontes de renda gastaria isso num “livro”?

Mais um ano e 2010 chega com mais uma geração do e-reader da Amazon: US$ 139. Ainda caro, vou esperar um pouco. Com notícias de que os preços cairíam para US$ 99 no Natal, esperei. “US$ 99 já está valendo, é o preço de… 6 lançamentos?”. Fui até agosto de 2011 atrasando a compra à espera de uma baixa no preço (que não aconteceu), mas como passava em torno de 3 horas entre pa radas de ônibus e transportes por dia, decidi comprá-lo. Quem se importa se estão pipocando notícias sobre o lançamento de uma possível quarta geração se quero um Kindle desde o lançamento? No fim com todos os impostos bem pagos, o Kindle 3 saiu por R$ 630. Mesmo podendo ter saído mais barato devido à política de cobrança de impostos da Amazon, estava muito abaixo dos R$ 800–900 de qualquer modelo de marcas brasileiras, que perdiam em qualidade de aparelho e quantidade de livros disponíveis. Minha felicidade com a compra foi a mudança drástica comparada aos meses anteriores: 3 livros lidos na primeira semana com o Kindle.

Desde agosto tenho lido muito sobre qualquer assunto de que eu tenha interesse. Mais ou menos como deveria ser o objetivo da Internet, como bem definido por Isaac Asimov em 1988. Com 241g n a mochila (dependendo cabe no bolso de trás da calça, mas não aconselharia para quem tem glúteos com uma curvatura um pouco maior), posso decidir ler algo novo basicamente em qualquer lugar . Tenho usado muito também para aprimorar o meu inglês e o Project Gutenberg existe para nosso benefício. Você tem praticamente todos os idiomas esperando para serem aprendidos e o português não é uma exceção. Mesmo sem tirar um real a mais do bolso você vai ter muitos bons livros em português para ler.

Oito meses depois da compra de um Kindle mudei minha realidade para 10 livros lidos desde o início de 2012 (com bons abandonos nesse tempo). Se eu posso te aconselhar uma coisa é: compre um e-reader agora. Ler 20 livros gratuitos facilmente o paga e a partir daí você pode começar a desfrutá-lo do jeito que bem entender. E sabe de uma coisa? Cuidado, ele pode te dar vontade de comprar mais livros — também de papel.

Originalmente publicado em livroseafins.com em 16 de abril de 2012.